sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Começando...

Apresentação

Tenho um blog (http://mcherobim.multiply.com/), no momento em ritmo lento, que se pode considerar como memorialista; nele conto e comento fatos de Morretes, ou relacionado a ela. Sendo memorialista, são fatos vistos pelos olhos de quem os escreve. E quem interpreta fatos a ele contados. O autor é um morretense.

Alguns me chamam de saudosista. Talvez seja. Quem não o é? Todas as narrações são passadas; contamos fatos que aconteceram. Exceção quando fazemos uma ficção ou uma projeção de futuro. Mas somente a fazemos a partir de um acontecimento, ou de fatos, que aconteceram e passaram a fazer parte da nossa experiência de vida. Voltamos ao passado.

Diz-se, de forma um tanto poética, que o presente não existe; somente o passado e o futuro. Nós somos um nexo entre estes dois tempos sem nos apercebermos. E de uma rapidez fantástica, pois o que é instantaneamente se transforma no que foi. E o que será? Esta é a incógnita. Mas pode ser uma reconstrução esperada de um a de vir.

O memorialista pode ser alguém que pretende construir um futuro com base no passado. Então um saudosista? Talvez um realista, pois o que realmente existe é o passado.

Foi pensando desta forma que iniciei o blog que comentei. O blog do morretense. Neste blog será o profissional, o antropólogo, quem vai escrever. Não que possamos ser duas pessoas diversas, mas vou temperar (seria o termo?) a escrita informal com fatos de pesquisas, interpretações de acontecimentos, etc., sempre através da "cabeça do antropólogo".

Quem sou eu? "Memorializando"...

A minha vontade era ser caminhoneiro, como o meu pai foi. Cursei o ginásio e por obrigação me transferi para Curitiba. Cursei o primeiro ano do então curso científico. Nesse ano minha mãe agravou a sua doença e o meu pai precisou parar de viajar. Contratou um motorista. No final do ano fui promovido para o segundo ano, mas resolvi interromper o curso para tocar o trabalho do meu pai.

Durante um ano viajei pelas estradas de terra do Paraná transportando combustível. Naquela época do Departamento de Trânsito paranaense fornecia uma habilitação provisória de aprendiz de motorista aos que completassem 17 anos.

No ano seguinte precisei fazer o serviço militar. Escolhi a Força Aérea. Após realizar o treinamento básico, de recruta, fiz a inscrição num curso de cabo auxiliar de mecânico em sistemas hidráulicos. O meu objetivo era me preparar profissionalmente para trocar o caminhão por máquinas de terraplanagem. Construíam-se as estradas do Paraná abrindo um mercado e trabalho rendoso para donos de caminhões e de máquinas.

O curso seria no Parque de Aeronáutica de São Paulo. Mandaram que os candidatos ao curso esperassem o avião no quartel. Num final de semana o avião chegou e eu havia "fugido" para passar o final de semana em Morretes. Perdi o vôo. Apesar de todas as ameaças não fui punido. Resolvi, então, fazer o curso de cabo radiotelegrafista auxiliar. A minha grande motivação para o curso era escapar dos serviços de guarda.

Eu e mais dois não fomos aprovados no exame final, mas mesmo assim fomos promovidos a soldado de primeira classe. Os três aprovados foram promovidos a cabo. E aconteceu o inesperado: os três reprovados foram engajados e transferidos para São Paulo. A viagem foi de trem e aqui chegamos no dia 7 de fevereiro de 1957 depois de 36 horas de viagem.

O nosso trabalho foi o de organizar o Centro de Mensagens da estação rádio principal do Serviço de Rotas, no Aeroporto de Congonhas. Por ali circulavam algumas centenas de mensagens por turno de seis horas. Organizamos. Era um serviço desgastante. Eu e um colega começamos a treinar radiotelegrafia no período noturno. Os sargentos nos ajudavam. Em seis meses fomos considerados aptos para concorrer a escala de operadores de radiotelegrafia e nos tornamos os únicos soldados de primeira classe que concorriam a escala junto com sargentos.

No ano seguinte (1958) nós três resolvemos fazer um novo curso de cabo radiotelegrafista auxiliar na então Base Aérea de Santos. Na metade do curso eu e o amigo radioperadores fizemos um concurso para terceiro sargento radiotelegrafista de terra voluntário especial. Incorporados, fomos para o Rio de Janeiro fazer um curso de especialização.

Após o curso retornei para São Paulo e fui indicado para trabalhar na estação rádiode Goiânia. Seis meses depois fui para Xavantina, hoje Nova Xavantina. Cheguei em Xavantina cerca de cinco horas depois que os revoltosos da rebelião de Aragarças fugirem para a Bolívia (continua)

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Faça-se a luz!...

Parece-me que o mundo foi feito para se falar sério. Falar sério é falar politicamente correto. O falar sério é, ainda, falar com uma pitadinha masoquista. Só tem valor quando se sofre. O hedonismo é amaldiçoado. Os hedonistas entram pela porta larga descrita na gravura do "Caminho Largo e do Caminho Estreito". E quem entra pelo caminho largo terá como destino o fogo eterno. Quem quiser a salvação eterna terá que ouvir a cansativa peroração do pregador, hoje em altos decibéis produzidos pela alta tecnologia.


Escrever politicamente incorreto não significa ser do contra sem causa; é comentar coisas que as pessoas temem não comentar. É contar "causos" de gente "ahistórica", aquelas que passam pela vida e não deixam marcas. Se deixar de falar do Clementão, do Constantão, do Garrafão, do Alulélio, do Benedito Rolha e tantos outros, eles ficarão esquecidos sem o menor sinal das suas vidas.


O mundo que hoje conhecemos foi construido com a ajuda destas pessoas sem nome, sem história.


O politicamente incorreto é falar de quem não interessa falar. É refletir sobre pontos aos não interessa reflexão.

Sejamos politicamente incorretos.