quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O Guia está tiririca (muito irritado, furioso)

FERNANDO RODRIGUES

Intolerância

BRASíLIA - Sempre preocupado em explicar sua aproximação com autocratas e ditadores pelo mundo afora como sendo uma tentativa de promover a paz e o diálogo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve um momento Lula anteontem.
Em Santa Catarina, durante um comício eleitoral, o petista lamentou ter dado apoio em 2002 a Luiz Henrique (PMDB), que se elegeu governador local: "Eu pensava que era para mudar. Mas ele trouxe de volta o DEM, que nós precisamos extirpar da política brasileira".
Lula repetiu quase à perfeição a manifestação de intolerância política proferida em agosto de 2005 pelo então presidente nacional do PFL (hoje DEM), Jorge Bornhausen. Ao mencionar o caso do mensalão, o demista-pefelista disse o seguinte: "Não estou triste nem desencantado [com o escândalo], pelo contrário. Estou encantado porque vamos nos ver livre dessa raça durante pelo menos 30 anos".
Os dois episódios -Bornhausen em 2005 e Lula nesta semana- são exemplares da fase mesozoica da democracia brasileira quando se trata de valores republicanos. Os casos indicam também a incapacidade atávica dos políticos a respeito de conviver com o contraditório.
Como se sabe, Bornhausen não conseguiu se ver livre da raça dos petistas. Em 2006, os eleitores foram generosos. Reelegeram Lula, apesar do mensalão.
Mas em 2011 o país deverá ter o Congresso mais chapa-branca desde a volta do sistema de escolha direta de presidente. No Planalto, as pesquisas mostram que Dilma Rousseff continuará a obra de Lula.
A prevalecer a lógica de "extirpar" siglas de oposição, a intolerância será a regra na política nacional.
Hoje, há quatro anos, surgiram os aloprados. Lula foi ao segundo turno. Desta vez, nada se aproxima da octanagem do escândalo de 2006 e como força para influir decisivamente no dia 3 de outubro.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br

(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1509201004.htm)

A intolerância é a parte visível do iceberg político. A causa – ou uma das causas -, como o articulista comenta, é a incapacidade de alguns políticos a conviver com o outro, o diferente. Os dois personagens citados acima são exemplos de pessoas com esta incapacidade. E é uma incapacidade do PT.

Os petistas se dizem de esquerda. Eu tenho sérias dúvidas a respeito disto; tem um perfil que o identifica aos chamados partidos de extrema direita. Que têm o mesmo perfil dos partidos chamados de extrema esquerda. O que os diferencia é a auto-identificação.

Lula é fruto da ditadura. Não fosse a ditadura militar Lula não existiria. Tanto é que o populismo de LILS lembra muito o populismo de Garrastazu Médici. LILS quando fala que provocou a ascensão econômica de uma boa porção de gente que estava abaixo da loinha de pobreza, lembra uma fala de Médici: “[i]O Brasil vai bem, mas o povo vai mal[/i]”. Quando fala das suas proezas internacionais e de ter deixado o Brasil “fora da crise”, lembra-se outra fala de Médici: “[i]Sinto-me feliz todas as noites quando ligo a televisão para assistir ao jornal. Enquanto as notícias dão conta de greves, agitações, atentados e conflitos em várias partes do mundo, o Brasil marcha em paz, rumo ao desenvolvimento. É como se eu tomasse um tranqüilizante após um dia de trabalho[/i].”

Outro aspecto que os aproximam é o gosto pelo futebol e as analogias da política com situações futebolísticas. Médici ainda encenava alguma coisa com uma bola. LILS não tem fôlego. Outra identificação entre eles é forma caudilha de gostar de elogios e querer ouvir somente o que lhe interessa ouvir. Neste aspecto LILS ganha do seu antecessor pelo fato de estar rodeado de uma maior número de “puxa-sacos”. Não tenho notícias de Médici tenha sido chamado de Guia pelos seus bajuladores.

No momento LILS está zangado. Quando o Guia se zanga, os guiados fazem o mesmo. Zangam-se quando deveriam estar envergonhados. A braveza esconde a vergonha. Se ela existir, é claro. A cada denúncia de corrupção, de invasão à privacidade da Receita Federal, de lobbies e desvios de verbas por familiares de funcionários dos primeiros escalões, poderá colocar por terra um trabalho de quase oito anos para a continuidade no poder.

Quando o Guia se zanga, os trovões abaixam a crista. E a culpa sempre será do “outro”. É quem pratica o feitiço. E pelos próximos 18 dias o Guia distribuirá faíscas, raios, trovões e todos o seu arsenal contra os feiticeiros autores das mandingas denunciadoras.

2 comentários:

Blogguinho disse...

Como eu gostaria de ler um título diferente sobre "o guia". Com minúscula mesmo, porque é tão minúscula essa personagem, que causa náusea notar quantos estão sendo iludidos por essa miniatura de hitler.
Pior ainda, os que não iludidos, mas conscientes, tiram proveito da situação.
Triste este momento da nossa história. Dá nojo estar envolvido neste estado de coisas.

Proseando... disse...

Todos nós gostaríamos que fosse diferente, Adalgisa. Mas é a situação que está aí. Pelo menos temos canais para expressar as nossas insatisfações.