domingo, 15 de maio de 2016

Esperteza e inteligência


Vemos e ouvimos a todo o momento de que Lula é uma pessoa extremamente inteligente, mas se acompanharmos a sua vida notamos que os seus atos e as suas atitudes são vitoriosos em curto prazo e desastrosos a médio e longo prazo. Um dos seus erros foi a indicação de Dilma para a sua sucessora. Não soube analisar o seu perfil além da sua obediência, ideal para “guardar” o seu lugar na presidência e retornar em 2014. Não refletiu – e por isto não pensou – de que a sua protegida fosse ser picada pela mosca azul do poder. Todos sentiam a incapacidade de gerenciamento da já então Presidente Dilma. Com a derrota de Dilma na sua reeleição o projeto de cinquenta anos de PT no poder, a carreira política de Lula e os milhares de petistas incrustados na máquina administrativa do Executivo, iria “para o vinagre”, para usar uma expressão popular. Até o governo Dilma se tornar insustentável. Dilma herdou os erros do governo Lula e os ampliou.

As pessoas espertas, cercadas de áulicos, são vaidosas e autoritárias. O que tenho lido a respeito de Lula, a melhor descrição do seu perfil psicológico – e de carreira politica – foi escrito por José Nêumanne Pinto, “O que sei de Lula” (Rio de Janeiro: Topbooks, 2011). Aproveitando-se de condições circunstanciais tornou-se o grande demiurgo da política brasileira. Demiurgo pela esperteza. O entendimento comum de esperteza é a “capacidade maliciosa de adaptar-se habilmente a situações adversas, tirando proveito da situação”. O esperto tem a habilidade, então de aproximar grupos aparentemente inconciliáveis. Ainda segundo Nêumanne Pinto, aproximou os sindicalistas, os membros católicos ligados à teologia da libertação e os exilados do regime militar que retornavam ao Brasil. Isto acontecia no momento em que regime militar dava sinais de exaustão.


A formação sindical de Lula impediu que visse o Brasil na sua totalidade, mas numa dualidade em oposição: nós (os trabalhadores sindicalizados) e eles, os outros, tantos os padrões como todos aqueles que não eram sindicalizados. Esta dialética de oposição e conflito continua até hoje, mas que teve sucesso com a formação de um “nós” ideológicos, como os acadêmicos que procuraram tornar as universidades em “chão de fabrica”.