sábado, 25 de setembro de 2010

Manifesto em Defesa da Democracia

Numa democracia, nenhum dos Poderes é soberano. Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.

Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático.

É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.

É inaceitável que militantes partidários tenham convertido órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.

É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle.

É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais em valorizar a honestidade.

É constrangedor que o Presidente não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há “depois do expediente” para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no “outro” um adversário que deve ser vencido segundo regras, mas um inimigo que tem de ser eliminado.

É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e de empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses.

É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.

É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É deplorável que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário.

Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para ignorar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo.

Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade.

Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos

(http://www.defesadademocracia.com.br/manifesto-em-defesa-da-democracia/)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O Guia está tiririca (muito irritado, furioso)

FERNANDO RODRIGUES

Intolerância

BRASíLIA - Sempre preocupado em explicar sua aproximação com autocratas e ditadores pelo mundo afora como sendo uma tentativa de promover a paz e o diálogo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve um momento Lula anteontem.
Em Santa Catarina, durante um comício eleitoral, o petista lamentou ter dado apoio em 2002 a Luiz Henrique (PMDB), que se elegeu governador local: "Eu pensava que era para mudar. Mas ele trouxe de volta o DEM, que nós precisamos extirpar da política brasileira".
Lula repetiu quase à perfeição a manifestação de intolerância política proferida em agosto de 2005 pelo então presidente nacional do PFL (hoje DEM), Jorge Bornhausen. Ao mencionar o caso do mensalão, o demista-pefelista disse o seguinte: "Não estou triste nem desencantado [com o escândalo], pelo contrário. Estou encantado porque vamos nos ver livre dessa raça durante pelo menos 30 anos".
Os dois episódios -Bornhausen em 2005 e Lula nesta semana- são exemplares da fase mesozoica da democracia brasileira quando se trata de valores republicanos. Os casos indicam também a incapacidade atávica dos políticos a respeito de conviver com o contraditório.
Como se sabe, Bornhausen não conseguiu se ver livre da raça dos petistas. Em 2006, os eleitores foram generosos. Reelegeram Lula, apesar do mensalão.
Mas em 2011 o país deverá ter o Congresso mais chapa-branca desde a volta do sistema de escolha direta de presidente. No Planalto, as pesquisas mostram que Dilma Rousseff continuará a obra de Lula.
A prevalecer a lógica de "extirpar" siglas de oposição, a intolerância será a regra na política nacional.
Hoje, há quatro anos, surgiram os aloprados. Lula foi ao segundo turno. Desta vez, nada se aproxima da octanagem do escândalo de 2006 e como força para influir decisivamente no dia 3 de outubro.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br

(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1509201004.htm)

A intolerância é a parte visível do iceberg político. A causa – ou uma das causas -, como o articulista comenta, é a incapacidade de alguns políticos a conviver com o outro, o diferente. Os dois personagens citados acima são exemplos de pessoas com esta incapacidade. E é uma incapacidade do PT.

Os petistas se dizem de esquerda. Eu tenho sérias dúvidas a respeito disto; tem um perfil que o identifica aos chamados partidos de extrema direita. Que têm o mesmo perfil dos partidos chamados de extrema esquerda. O que os diferencia é a auto-identificação.

Lula é fruto da ditadura. Não fosse a ditadura militar Lula não existiria. Tanto é que o populismo de LILS lembra muito o populismo de Garrastazu Médici. LILS quando fala que provocou a ascensão econômica de uma boa porção de gente que estava abaixo da loinha de pobreza, lembra uma fala de Médici: “[i]O Brasil vai bem, mas o povo vai mal[/i]”. Quando fala das suas proezas internacionais e de ter deixado o Brasil “fora da crise”, lembra-se outra fala de Médici: “[i]Sinto-me feliz todas as noites quando ligo a televisão para assistir ao jornal. Enquanto as notícias dão conta de greves, agitações, atentados e conflitos em várias partes do mundo, o Brasil marcha em paz, rumo ao desenvolvimento. É como se eu tomasse um tranqüilizante após um dia de trabalho[/i].”

Outro aspecto que os aproximam é o gosto pelo futebol e as analogias da política com situações futebolísticas. Médici ainda encenava alguma coisa com uma bola. LILS não tem fôlego. Outra identificação entre eles é forma caudilha de gostar de elogios e querer ouvir somente o que lhe interessa ouvir. Neste aspecto LILS ganha do seu antecessor pelo fato de estar rodeado de uma maior número de “puxa-sacos”. Não tenho notícias de Médici tenha sido chamado de Guia pelos seus bajuladores.

No momento LILS está zangado. Quando o Guia se zanga, os guiados fazem o mesmo. Zangam-se quando deveriam estar envergonhados. A braveza esconde a vergonha. Se ela existir, é claro. A cada denúncia de corrupção, de invasão à privacidade da Receita Federal, de lobbies e desvios de verbas por familiares de funcionários dos primeiros escalões, poderá colocar por terra um trabalho de quase oito anos para a continuidade no poder.

Quando o Guia se zanga, os trovões abaixam a crista. E a culpa sempre será do “outro”. É quem pratica o feitiço. E pelos próximos 18 dias o Guia distribuirá faíscas, raios, trovões e todos o seu arsenal contra os feiticeiros autores das mandingas denunciadoras.

domingo, 12 de setembro de 2010

AMOR NA INTERNET - QUANDO O VIRTUAL CAI NA REAL

Disponível em http://www.inpasex.com.br/publicacoes_livros.asp . Acesso em 12/09/2010.
AMOR NA INTERNET - QUANDO O VIRTUAL CAI NA REAL
A Internet uniu pessoas do mundo inteiro, facilitou a vida de pesquisadores e cativou uma nova geração de filhos da tecnologia. Para desvendar o complexo mundo dos encontros amorosos que vem criando-se há alguns anos na Internet, descobrir como funciona o namoro na rede e o que pensam as pessoas que freqüentam esses ambientes virtuais, a jornalista Alice Sampaio se fez de cobaia: cadastrou-se em vários sites de encontros e freqüentou salas de bate-papo por dezesseis meses.

O resultado dessa pesquisa está
em Amor na Internet – Quando o virtual cai na real, primeiro livro da jornalista. Uma estréia com muita propriedade, já que, antes de aventurar-se na ficção, Alice Sampaio preferiu começar com o que mais entende: jornalismo. O livro é uma grande reportagem, que lhe custou dois anos de trabalho e procura desvendar todas as facetas de um mundo onde a paquera se dá de forma invertida - primeiro a conversa e só depois o encontro visual -, e que já atrai milhões de brasileiros. Um mundo complexo, pouco pesquisado, mal compreendido e cujo uso cresce em progressão geométrica. "De tanto ler reportagens louvando a Internet como o grande lugar para encontrar o amor", explica Alice Sampaio, "cadastrei-me em alguns sites de encontros e passei oito meses em busca de um namorado na rede."

O material colhido para Amor na Internet – Quando o virtual cai na real nasceu dos e-mails trocados com 58 pessoas, nove das quais Alice conheceu pessoalmente. "Não sei se por curiosidade ou hábito investigativo, não me desfiz de nenhuma das conversas", confessa a autora. Em meio à profusa troca de mensagens, Alice ficou abismada com a dissimulação, as mentes confusas e o desencontro profundo entre as expectativas masculinas e femininas, mas também fez amigos. Com cada homem com quem teclava, aproveitava para sondar seus pensamentos e desejos, entrevistando-os sem que percebessem.

Além de usar a Internet, passou catorze meses entrevistando mais de uma centena de pessoas, para ter certeza de que estava mesmo tirando a média do que se passava no universo dos e-mails. "Alguns dos entrevistados me cederam seus arquivos e pude usar os próprios e-mails deles", conta. Selecionou dezessete histórias, ocorridas com pessoas entre 18 e 56 anos, e descreveu cada uma sem poupar os detalhes mais picantes.

Ela também pediu a ajuda de renomados psicólogos, psiquiatras e sexólogos para refletir sobre o que está acontecendo nos relacionamentos amorosos - na Internet e fora dela. Participam do livro Oswaldo M. Rodrigues Jr, Luiz Cuschnir, Ronaldo Pamplona da Costa, Edson Engels, Moacir Costa, Rosely Sayão, Paulo Gaudencio, Lídia Aratangy, Hugo Fagundes, Maria Rita Seixas, Eduardo Ferreira-Santos, Aurea Roitman, Christina Freire, Sergio Perazzo, Claudia Corbisier, Carla Zeglio, Rubens Coura e Marcelo Augusto Toniette. Por fim, ela convidou o antropólogo Mauro Cherobim para ler todas as histórias e comentar o fenômeno socialmente.
Amor na Internet – Quando o virtual cai na real é um livro inteligente, divertido e oportuno, que faz uma reflexão bem-humorada sobre esse fenômeno típico de nossos dias, e aponta os caminhos para a difícil realização amorosa na Internet (incluindo dicas para namorar na rede e lista com os melhores sites de encontros). Mais informações: http://www.record.com.br