Uma amiga muito querida enviou-me um abraço e um chamego
porque “fui derrotado” nas eleições. Na verdade eu não me sinto derrotado; o que
aconteceu é que a minha luta continua. Pelo menos por mais quatro anos.
Dilma recebeu uma herança maldita do seu antecessor e
estragou alguma coisa positiva. E não conseguiu fazer nada de mais do que levar
o país à recessão. Conseguiu, ainda, a se tornar alvo (para não se dizer suspeita)
nos escândalos que acompanharam os governos petistas. E uma candidata a um impeachment.
Minha querida amiga:
Aceito o seu abraço como amiga e não como uma petista que dá
um chamego a um “tucano”. Eu não sou tucano. E nunca fui petista. Tive oportunidade
de assinar a ata de criação do PT. Não fui porque sempre temi um partido que fosse
um braço do sindicalismo. Sentia ser uma volta ao Estado Novo de Getúlio Vargas.
Passei por todas as crises das décadas de 50, 60, 90 até as de hoje. Sempre
falei pelo que vejo, sinto e observo. As “direitas” sempre me taxaram de
esquerda e as “esquerdas” sempre me taxaram de direita. Não mergulho nos mitos
modernos de retorno a paraísos perdidos.
No Brasil sempre houve corrupção. Com o PT a corrupção se tornou algo trivial,
normal. Uma corrupção terrível que, além de enriquecer pessoas frequentadoras
de paraísos fiscais, tem comprado pessoas, comprado votos, mas o anúncio de oferta
de um paraíso tem anestesiado as pessoas. Pessoas inteligentes que mergulham nestes
mitos, mais uma mitomania que propriamente um mito.
Olho para as universidades e não vejo mais intelectuais,
vejo militantes. Não vejo mais reflexões, mas defesas de dogmas. Nas eleições
passadas fiquei decepcionado com um candidato à presidência, que eu sempre admirei
com intelectual, que a acompanhava a sua revista sobre política agrícola (não
cito o nome porque ele faleceu). Numa de suas entrevistas fez um elogio a
regime comunista e a repórter contestou: se em todos os locais em que ele se instalou
não deu certo, por que aqui? Ora, respondeu ele, precisamos experimentar para
ver se dá certo ou não. Aquilo foi uma grande falta de respeito para com a
sociedade brasileira. E é esta falta de respeito pratica contra a sociedade brasileira.
Segundo Dilma o Brasil exporta tecnologia para Cuba e cria
pontos de trabalho. Em Cuba! Para construir um porto de mar, de águas
profundas. Estes pontos de trabalho são lá, pois o porto fica lá. Enquanto isto
acontece por lá, nos nossos portos estão sucateados. Enquanto milhares e milhares
de dólares, na próxima safra de grãos voltaremos a assistir filas de caminhões
no Porto de Paranaguá que chegam a Curitiba e as vias de acesso para Santos
entupidas porque os portos não dão vazão a volume de embarque. Mas o governo
brasileiro está construindo uma rodovia de Havana a Mariel para evitar
engarrafamentos. Isto não é um escárnio
ao povo brasileiro? Este escárnio se torna mais evidente quando vemos filas de
caminhões enterrados nas estradas das áreas produtoras de grãos.
Já que falamos em escárnio, lembremos a politica de combustíveis.
Ainda no governo Lula foi enterrada (ou afundada) fortunas no chamado pré-sal. Levou
os governadores brigarem por uma quimera. E assim, enquanto gastavam-se
fortunas e desviavam-se outras fortunas pela corrupção, a Petrobras vendia
gasolina no mercado interno por preços inferiores ao preço pago no mercado externo
para “segurar” a inflação para compensar políticas econômicas erráticas.
Isto causou efeitos colaterais que ninguém fala: 1) quebrou
o setor sucroalcooleiro despedindo milhares de trabalhadores; 2) a tecnologia
desenvolvida para a produção de etanol combustível se torna obsoleta e 3) aumentou
a nossa dependência ao combustível fóssil, um combustível “sujo” para o meio
ambiente.