Na Parada Gay deste ano apareceu uma representação da
crucificação de Jesus. No dia seguinte foram anotadas várias críticas nas redes
sociais e na imprensa. Falou-se da apropriação de uma imagem sagrada do
cristianismo e que se exigia respeito à crença alheia.
Tenho notado que os gays aqui do Brasil demonstram um
tradicionalismo exacerbado. Enquanto de um lado os casamentos heterossexuais se
tornam mais simples, quando não se restringem
uma ida a um cartório de registros, os gays ressuscitam todo o ritual
desprezado dos casamentos tradicionais. E, além disto, estão a todo o momento a
demonstrar sua religiosidade, tal é o
número de igrejas que fundam ora de denominação evangélica, ora católica.
Investigando quem era a pessoa que encenava a crucificação,
era brasileira. Era transexual. Por
ser transexual perdeu a sua condição de eventualmente ser cristã? Se for
cristã, não se apropriava de nenhuma imagem. E por não ser heterossexual
poderia perder a sua condição de cristão. Se estiverem lembrados, outro dia o
Papa Francisco falou ao contrário.
Todos os anos faz-se a representação da Paixão em Nova
Jerusalém, Pernambuco. Ali não sem considera uma apropriação porque as pessoas
não são gays, ou porque a da Av. Paulista foi uma apropriação porque quem
encenava não era heterossexual e foi numa parada gay?
Falta de respeito. Será que foi? Será que a representação
não desejaria representar a via sacra dos preconceitos que sofrem os
homossexuais? Ora, se eles são cristãos têm o direito de usar uma imagem para
expressar os seus sentimentos de marginalidade numa sociedade excessivamente
preconceituosa, como é a nossa.
Eu achei uma representação cafona , mas devo confessar que
ela atingiu aos seus objetivos: chocou e todos discutem. E chocou mais pelo fato que quem encenou era
um “outro”.