Lembro-me de uma discussão dos Ministros
Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, em que o primeiro reclamou ao segundo de
que ele mais parecia um advogado de defesa de um dos “mensaleiros” em
julgamento do que um juiz. Quando li a matéria de Época, A Teoria Toffoli[1],
a respeito do fatiamento da Operação Lava Jato, lembrei-me da discussão
relatada acima. Naquela época, os votos dos Ministros Lewandowski e Toffoli
eram muito parecidos.
Quais serão as consequências deste voto,
tido como uma forma de tirar das mãos do Juiz Sérgio Moro muitos processos
“críticos” aos interesses dos próceres do partido hegemônico. Será que a
determinação do STF alcançará os objetivos desejados?
Enquanto o STF decidia a respeito do
“fatiamento” da Operação Lava Jato, realizava-se em Florianópolis o IV Fórum
Nacional dos Juízes Federais Criminais (Fonacrim). Dois dias depois da decisão
do STF foi editada a Carta de Florianópolis
que de “acordo com o presidente da Ajufe[2],
Antônio César Bochenek, a Carta de Florianópolis expressa a união dos juízes
federais criminais, que ‘continuarão atuando com afinco na análise dos casos
danosos à sociedade e ao erário público’”[3].
No domingo o blog Cristalvox publica a
matéria “STF leva tiro pela culatra! Juízes federais e procuradores da
república criam “Força Tarefa Moral” para ampliar a Lava Jato”[4].
É de se perguntar: os lobistas dos acusados
avaliaram bem os juízes, procuradores e policiais federais? Qual será o volume
de informações que os participantes da Operação Lava Jato possuem? A vitória da
Senadora Gleisi Hoffmann não teria sido uma Vitória de Pirro?
O jornal Valor Econômico publicou uma
matéria em que apontava o ex-Ministro Nelson Jobim como o grande articulador
(lobista) “responsável pelo fatiamento da Lava Jato e pela interferência para
soltar Renato Duque”[5].
“Nelson Jobim é o novo Márcio Thomaz Bastos. Ele foi contratado por
empreiteiras como Odebrecht, OAS e Camargo Corrêa para desmontar a Lava Jato”[6]. Quem diria?
Mas aí vem a pergunta. Os membros desta
“Força Tarefa Moral” tem a força da corporação de três instituições no momento
muito valorizadas e detentoras de uma quantidade de informações com força de
derrubar a República. Ou melhor, do grupo que se julga detentor de poder hegemônico. Quantos Sérgios Moros
esta gente que quebrou o Brasil encontrará pela frente?
A mesma edição da Revista Época traz uma
matéria “Delação in english” (p. 62) a respeito da negociação de delação
premiada do doleiro Alberto Youssef e promotores de Nova Iorque a respeito do
processo do processo movido por acionistas americanos que tiveram prejuízo com
a quebra da Petrobras. Se ele for condenado pela justiça norte americana, além
não poder sair do país, pois estará listado na Interpol, terá o seu patrimônio
no exterior para compensar a perda que os acionistas da Petrobras. Este é um
problema que cairá no colo da presidente Dilma, pois ela é uma das pessoas
envolvidas neste processo.
"’A presidente pode ter muitos
defeitos, todos temos, mas ninguém nunca ouviu dizer que ela tenha furtado uma
caneta BIC. É isso o que me aproxima dela, a sua honestidade’, Kátia Abreu,
defendendo Dilma e sonhando com a Casa Civil”. Frase do dia. 28.09.15[7].
A caneta BIC é tão baratinha!...
Os juízes de defesa defenderão?