Há mais de cinco anos venho dizendo que Lula escolheu Dilma
para “guardar lugar” para a sua volta à Presidência quatro anos mais tarde. Escolheu
errado; ele sempre a viu com uma auxiliar diligente e obediente, esquecendo que
a “mosca azul” do poder pica até as pessoas mais tacanhas. Apesar da campanha
do “volta Lula” na campanha das últimas eleições era Dilma que ocupava a “primeira
cadeira” e dela emana um poder difícil de ser contrariado, no caso muito mais
poderoso que o “volta Lula”. Dilma ganhou a parada; o seu “fazer o diabo” para
vencer as eleições foi muito mais forte que o “diabo feito” pelo PT lulista. O PT dilmista era o que estrava no poder.
Nesta véspera de ano, a menos de seis horas para a chegada do 2016,
tentando imaginar como seria mais este ano sob a gestão Dilma, em que o Brasil
parece já ter ultrapassado a porta da falência, lembrei do livro o livro de José Nêumanne Pinto, O que eu sei de Lula (São Paulo:
Topbooks, 2011). Foi o melhor trabalho que já ali a respeito de Lula, tão bom que
se falou que a primeira tiragem esgotou antes que qualquer leitor tivesse acesso
a ele. A biografia de Lula estava tão
escancarada que se tornava prejudicial à campanha lulopetista a ser
desencadeada nas eleições dois anos e meio mais tarde. O livro é um relato jornalístico, mas neste
caso o autor não se furta de traçar um perfil psicológico do personagem
biografado. Um aspecto deste perfil me deixou encucado: de Lula ser o político
mais inteligente na vida brasileira. Mas Lula era inteligente ou esperto? Pela
descrição do Autor Lula era um político esperto. Espertas são pessoas que encontram soluções e
saídas de situações espinhosas, ou que sacam respostas com rapidez. Contudo,
sem o mundo maior, sem o conhecimento e a visão das coisas, esse espírito vivo
e curioso do esperto se resume à astúcia de “salvar a pele”. Podemos definir o
esperto como aquela pessoa que tem inteligência prática e cuja referência é seu
ego (ou seu umbigo?). O esperto é egocêntricos e por isto costuma atropelar a
ética. As pessoas inteligentes são aquelas que têm a capacidade de ler por
entre as linhas e de interligar ideias não explicitamente relacionadas; colhem
pensamentos, são capazes de raciocínios abstratos e sabem planejar e criar
estratégias[1].
Lula lembra mais
a figura folclórica de Pedro Malasartes, que herdamos do folclore ibérico,
descrito como Câmara Cascudo como “figura tradicional
nos contos populares da Península
Ibérica, como exemplo de burlão invencível,
astucioso, cínico, inesgotável de expedientes e de enganos, sem escrúpulos e
sem remorsos” [2]. Este “malasartismo” de Lula é descrito
brilhantemente por Nêumanne, aprendido na sua vida sindical, descartando todos
aqueles que poderiam fazer frente ou concorrer aos seus objetivos dentro da política
sindicais[3].
A inteligência e a esperteza se assemelham num
primeiro momento. O egocentrismo e a visão do fato e a falta de um raciocínio
abstrato do esperto encaminha-o a erros. E o erro maior de Lula foi a escolha
de Dilma como a sua sucessora por um mandato, permitindo o seu retorno quatro
anos depois. Enquanto ele esteve no poder conseguiu “segurar” o escândalo do “mensalão”,
mas fora ficou sujeito a incapacidade política e de gestão da sua gestora. Hoje
Lula se vê na situação do esperto desmascarado. Um Pedro Malasartes
desacreditado.
A sua sucessora mostrou não ter nada de inteligência
e de esperteza. Auxiliada pelo seu marqueteiro, a sua esperteza transformou-se
em estelionato. E assim foi 2014 e em 2015; agora entramos em 2016 com a
esperança (que sentimento!) que a gestão lulopetista termine logo no primeiro
trimestre. Quem assumirá? Não sabemos, mas desde que mudem os gestores
federais, com a população alerta, com
eleições municipais à vista, certamente encontraremos uma saída para as crises
política e econômica que nos aflige; dará esperanças a tantos milhares
brasileiros que perderam o seu trabalho e a sua sobrevivência aos erros
conscientes destes gestores no poder dos últimos 13 anos.
Um bom 2013 depende de nós, de nosso
posicionamento político, de do uso correto nas instituições do nosso Estado
Democrático de Direito.
Assim sendo... FELIZ 2016.
[1]
http://www.psicologiadialetica.com/2012/05/inteligente-nao-simplesmente-esperto.html
( acesso em31/12/2015).
[2]
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Malasartes
( acesso em31/12/2015).
[3]
No início da década de sessenta um meu amigo que vivia e conhecia a vida
sindical comentou que havia um líder sindical em formação, conhecido como Lula,
brevemente surgirá na imprensa como o mais jovem líder, com grande força
política.