sábado, 26 de novembro de 2016

Cuba depois de Fidel

Fidel Castro foi a imagem viva do castrismo cubano. Cuba é um país que sempre viveu sobre regimes ditatoriais. Estão na memoria histórica os regimes de Fulgencio Batista e de Fidel Castro, incluído aqui o de Raul de Castro. Fulgencio assumiu o poder em 1933 numa “Revolta de Sargento” em que nomeou a si mesmo chefe das forças armadas, com a patente de coronel. Manteve o controle de presidentes fantoches até que em 1952 concorreu às eleições, foi derrotado e deu um golpe de Estado. Em 1959 o regime de Fulgencio foi destituído, mas ele já havia deixado Cuba no ano seguinte.

Não deve existir um cubano que tenha vivido fora de um regime autoritário. São 83 anos desde a Revolta dos Sargentos de Fulgencio Batista até hoje, a morte de Fidel Castro. O que seria democracia para os cubanos atuais? Seria a Cuba de Fulgencio, que Fidel declarava que se tornara um cassino de proprietários norte americano. E a oposição aos EEUU cresceu no caso da instalação dos misseis da União Soviética. Fidel foi hábil ao administrar esta contradição.        

O que representará a morte de Fidel para o mundo? Tenho ouvido e lido na imprensa. Nada mais do que uma página da história. Talvez alguma coisa a mais na esquerda latina americana que já se sente órfã de Fidel. O que devemos pensar como será Cuba com a morte de Fidel e a aposentadoria de Raul.

A ditadura de Fidel foi uma ditadura militar e todas as participações de Fulgencio foram quarteladas, iniciando com a revolta dos sargentos. E a historia nos tem mostrado que as ditaduras militares não dão certo de a “nomeklatura” cubana é militar. Raul Castro “fardou-se” para comunicar o falecimento do irmão Fidel. Um presidente “nomeado” que já fala em aposentadoria. O que e como representará, daqui para frente esta falada abertura a turismo norte americano, quando os interesses “privados” cubanos estão nas mãos de militares? E como estão sendo as articulações para a sucessão de Raul Castro? Como será Raul um presidente aposentado sem o carisma de Fidel?

Nós brasileiros poderemos nos perguntar: a fortuna que os governos Lula e Dilma enterraram em Cuba terá retorno? Foi um investimento ou foi um presente? Nós ficamos com a crise econômica. Um presente como a doação do estoque regulador de feijão “ao povo cubano”, enquanto que o povo brasileiro está comprando feijão em pacotinhos de meio quilo?


Uma curiosidade: uma minha amiga comentou que a sua cunhada quando vai a Cuba fica hospedada na casa de uma família cubana. E comenta como os cubanos vivem bem. Lembrei-me deste comentário quando a correspondente da TV Globo deu a notícia do falecimento de Fidel. Segundo ela, estava hospedada com uma família cubana, mostrou imagens da casa  e dos familiares consternados com a morte do comandante. Um eficiente meio de controle. Como serão os herdeiros dos Castros atuais (os Castros futuros)? 

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Cinco hipócritas de 2009

No mês que vem este texto completará sete anos. Moisés Naim costumava publicar anualmente os cinco maiores hipócritas do ano no jornal El País da Espanha. Em 2009 Lula foi um dos cinco hipócritas mundias. Hoje ele pratica o seu jus esperneandi para escapar da prisão. O analista estrangeiro enxerga com maior clareza o que, para nós, que por anos permanecemos sob uma carga de blogs e militantes comprometidos (ideologicamente?) com os crimes praticados por ele e por sua sucessora, descobertos pela justiça federal.



Moisés Naím
Cinco hipócritas de 2009
Moisés Naím 20/12/2009
Rever algumas das mais flagrantes hipocrisias dos poderosos do mundo é instrutiva. Revela as tendências globais, as contradições e as vulnerabilidades elites da moda. É por isso que eu decidi oferecer a minha lista muito pessoal e subjetiva de algumas dos grandes hipócritas de 2009.
1. Banqueiros.
2. Tony Blair.
3. Os homens líder do Partido Republicano.
4. Os juízes britânicos que emitiu o mandado de Tzipi Livni.
5. Lula da Silva. O Presidente do Brasil declarou que Hugo Chávez é o melhor presidente da Venezuela dos últimos 100 anos. Nunca ouvimos Lula falar das condutas autoritárias do seu amigo venezuelano, mas temos visto atacar furiosamente as recentes eleições em Honduras. E na mesma semana recebeu Mahmoud Ahmadinejad com todas as honras, cuja vitória eleitoral também é questionada. O que tiveram as eleições no Irã que tiveram as de Honduras? Tiveram uma enorme fraude, morte, tortura e brutal repressão ordenada pelo governo de Ahmadinejad. O afável líder brasileiro parece não haver tomado conhecimento.
Leiam aqui o texto completo:http://elpais.com/diario/2009/12/20/internacional/1261263607_850215.html  
  

domingo, 13 de novembro de 2016

Aluízio Estanislau Cherobim - 1929-2011

Certa vez li um artigo afirmando que o português falado em Portugal é um português moderno e o português falado no Brasil é um português medieval. Por este motivo, autor do artigo afirmava que os Lusíadas eram mais inteligíveis aos brasileiros do que aos portugueses. Quando esta (ex-) colônia começou a ser habitada desenvolveu o seu modo de falar dentro condições coloniais e em Portugal manteve o seu português dentro do mundo europeu. Da mesma forma, os imigrantes transferiram para cá as relações sociais das suas pequenas comunidades de suas terras de origem. Estas relações sociais, como das famílias extensas, adquiriram características especiais de acordo com as condições sociais, ecológicas, etc., que aqui encontraram. Origem do que poderíamos chamar de famílias italianas do Brasil. Correntes migratórias de outras origens fizeram o mesmo.

Os primeiros imigrantes formaram colônias com famílias extensas e casamentos endogâmicos. Os filhos destes imigrantes, tantos os nascidos nas terras de origem e os primeiros nascidos na terra de destino formaram o que poderemos chamar de primeira geração nacional. No nosso caso, primeira geração brasileira. Os primeiros casamentos foram endogâmicos. Membros mais velhos desta primeira geração continuaram com os casamentos endogâmicos, mas os mais novos começaram a realizar os primeiros casamentos exogâmicos, isto é, fora da colônia. Na minha família, por exemplo, a primeira geração era composta de cinco irmãos, todos eram homens, os três primeiros casaram dentro da colônia e os dois últimos fora. Todas as noras se adequaram ao conceito de família dado o papel predominante da mamma, neste caso a esposa do casal italiano. A mamma possivelmente tenha tido um papel de maior poder porque fazia parte de um casal que iniciava uma “nova” família.

Os primos tinham uma proximidade que muitas vezes se confundiam com irmãos. Eu tive dois primos nesta condição. Aluízio e Carlito. Eram como irmãos mais velhos que eu não tive.

Aluízio nasceu e morava  em Curitiba. Meu pai morou com o meu tio. Também morava um irmão da minha tia. Os dois eram como segundos pais de Aluízio. Bem mais tarde fui morar com o meu tio e o que o meu pai fazia com Aluízio eu fiz com os dois filhos mais velho dele: pajear. Aluízio era para mim, como disse, um irmão mais velho. Outro primo, João Carlos (Carlito), filho de outro irmão do meu pai, era muito próximo do meu pai. Era o sobrinho mais velho do meu pai e o meu pai o seu tio mais jovem. Aluízio nasceu em 13 de novembro de 1929 e Carlito em 24 de janeiro de 1930. Uma diferença de dois meses e onze dias. Carlito faleceu há 18 anos e Aluízio há cinco anos e pouco menos de quatro meses.


Hoje, 13 de novembro de 2016, Aluízio faria 87 anos. Minhas saudades a este primo que eu considerava um irmão.