A militância gay conseguiu
mais uma vitória: o reconhecimento do casamento. Bacana. Uma questão de
isonomia: se os heterossexuais podem casar, porque os homossexuais não podem?
A grande barreira aos
homossexuais envolve uma questão religiosa. Entende-se que o casamento é
a união entre um homem e uma mulher com o objetivo de procriar. E esta união
foi necessária e controlada pela comunidade, pois a sua sobrevivência física dependia
da procriação. Com certo equilíbrio
sexual para a formação dos futuros casais.
A militância religiosa
vive com o corpo no mundo atual e com a cabeça em épocas AD. Nestes mais de
dois mil anos absorveu uma porção de ideias, preconceitos, etc., desembocando
nas atitudes preconceituosas atuais.
Mas não é somente a militância
anti-gay preconceituosa, reacionária. A militância gay também é. É uma
características dos grupos minoritários (aqueles grupos excluídos da
participação política).
Bem, este reconhecimento
foi uma vitória.
O que estranho do
casamento gay é o seu conservadorismo moral. E isto contrasta com o casamento
heterossexual. Os gays vão buscar os padrões mais cafonas do casamento heterossexual
na realização dos seus casamentos, Véu, grinalda e outras pantomimas.
Contavam os velhos que o
meu pai levou a maior prensa da minha mãe: o casamento sai ou acaba tudo agora.
A vida estava boa, com os fandangos de final de semana (fandango, ainda no meu
tempo, eram os bailes de sítio. Que saudade!). O velho resolveu casar. Velho,
pois já tinha 27 anos.
Eu não era tão velho,
mas estava numa estação radiotelegráfica lá no interior do Mato Grosso. Época
de chuvas, por tanto sem estradas, e também sem comida (não chegamos ao
canibalismo porque ainda havia abobora e arroz), pois os militares que foram “combater”
os revoltosos de Aragarças acabaram com o nosso estoque. Até de cachaça. E eu
fui casar no Rio de Janeiro. E nem sabia como seria o casamento e para
encerrar fui premiado com seis dias de prisão (eu era sargento radiotelegrafista
da FAB). Saí de Mato Grosso sem permissão.
Eu não sei se sirvo de
exemplo, mas de lá para cá as pantomimas casamenteiras foram desaparecendo, mas emerge
vez ou outra em alguns grupos endinheirados e cafonas. Os casais novos somente se lembram da união estável quando surgem problemas de
direito e que envolvem filhos.
Vejo o retorno desta
pantomima cafona nos casamentos de pessoas do mesmo sexo. Nada contra estes
casamentos, são decisões pessoais e não é da conta de ninguém, além dos
nubentes. O que me surpreende é o retorno de padrões considerados ultrapassados
e desaparecidos.
Também surpreendente é
de estar desaparecendo a divisão de trabalho por gênero nos casamentos
heterossexuais e esta divisão retorna nos casamentos gays.
Um comentário:
Mestre, admiro os seus esclarecimentos. Abç
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