quarta-feira, 15 de maio de 2013

Casamento heterossexual e casamento homossexual


A militância gay conseguiu mais uma vitória: o reconhecimento do casamento. Bacana. Uma questão de isonomia: se os heterossexuais podem casar, porque os homossexuais não  podem?

A grande barreira aos homossexuais envolve uma questão religiosa. Entende-se que o casamento é a união entre um homem e uma mulher com o objetivo de procriar. E esta união foi necessária e controlada pela comunidade, pois a sua sobrevivência física dependia da procriação.  Com certo equilíbrio sexual para a formação dos futuros casais.

A militância religiosa vive com o corpo no mundo atual e com a cabeça em épocas AD. Nestes mais de dois mil anos absorveu uma porção de ideias, preconceitos, etc., desembocando nas atitudes preconceituosas atuais.

Mas não é somente a militância anti-gay preconceituosa, reacionária. A militância gay também é. É uma características dos grupos minoritários (aqueles grupos excluídos da participação política). 

Bem, este reconhecimento foi uma vitória.

O que estranho do casamento gay é o seu conservadorismo moral. E isto contrasta com o casamento heterossexual. Os gays vão buscar os padrões mais cafonas do casamento heterossexual na realização dos seus  casamentos,  Véu, grinalda e outras pantomimas.

Contavam os velhos que o meu pai levou a maior prensa da minha mãe: o casamento sai ou acaba tudo agora. A vida estava boa, com os fandangos de final de semana (fandango, ainda no meu tempo, eram os bailes de sítio. Que saudade!). O velho resolveu casar. Velho, pois já tinha 27 anos.

Eu não era tão velho, mas estava numa estação radiotelegráfica lá no interior do Mato Grosso. Época de chuvas, por tanto sem estradas, e também sem comida (não chegamos ao canibalismo porque ainda havia abobora e arroz), pois os militares que foram “combater” os revoltosos de Aragarças acabaram com o nosso estoque. Até de cachaça. E eu fui casar no Rio de Janeiro. E  nem sabia como seria o casamento e para encerrar fui premiado com seis dias de prisão (eu era sargento radiotelegrafista da FAB). Saí de Mato Grosso sem permissão.

Eu não sei se sirvo de exemplo, mas de lá para cá as pantomimas casamenteiras foram desaparecendo, mas emerge vez ou outra em alguns grupos endinheirados e cafonas.  Os casais novos somente se lembram  da união estável quando surgem problemas de direito e que envolvem filhos.

Vejo o retorno desta pantomima cafona nos casamentos de pessoas do mesmo sexo. Nada contra estes casamentos, são decisões pessoais e não é da conta de ninguém, além dos nubentes. O que me surpreende é o retorno de padrões considerados ultrapassados e desaparecidos.

Também surpreendente é de estar desaparecendo a divisão de trabalho por gênero nos casamentos heterossexuais e esta divisão retorna nos casamentos gays. 

Como será amanhã? 

Um comentário:

Débora Malucelli disse...

Mestre, admiro os seus esclarecimentos. Abç