terça-feira, 1 de julho de 2014

Uma forma diferente de censura

Quando comprei o livro “Assassinato de reputações” de Romeu Tuma Jr. tive que esperar. Disseram-me que era a 3ª edição; as duas primeiras edições esgotaram-se em menos de dois meses. Logo depois, assistindo um vídeo de Políbio Braga, ele comentava que fora secretario da Prefeitura de Porto Alegre e na saída escreveu um livro descrevendo todas as falcatruas que tomara conhecimento. Estranhou que em menos de dois meses foram vendidas duas edições. Ele próprio conseguiu o livro de sua autoria na 3ª edição.

Nesta semana aconteceu-me coisa semelhante. Li há umas três edições da revista Veja uma matéria acerca das memórias de um ex-guarda-costas de Fidel Castro que hoje vive exilado em Miami, nos Estados Unidos. Tenho curiosidade em conhecer a vida destes ditadores. O que eles pensam da vida. Em especial Fidel Castro.

Fidel e Rui Castro são filhos de um terrateniente cubano. Terrateniente é um termo do espanhol, resultado da junção das palavras “terra” (“tierra”) e “tenens” (“que tiene”). É o nosso latifundiários. Diferente de Pepe Figueres, filho de um modesto médico, fez uma revolução 11 anos antes da cubana, e construiu a democracia mais estável das Américas. E todos conhecem a sua história e a sua vida[1].

Fiz este comentário porque da minha curiosidade em conhecer  a vida privada (e real) de Fidel Castro. Os cubanófilos transformaram Fidel num herói mitológico, um semideus, positivo em todos os sentidos, e os cubanófobos transformaram-no num semidiabo. Dois extremos.

Juan Reinaldo Sanchez conheceu este lado desconhecido de Fidel. Fiz o pedido para uma livraria online, paguei, e hoje pela manhã um funcionário me telefonou informando que a editora (Paralela) publicou três edições a partir de 2013, esgotaram, e ela não tem perspectivas de publicar uma nova edição.

O Autor comenta acerca dos 3 milhões de dólares que Cuba enviou para a campanha de Lula em 2002 e os médicos cubanos que vieram ao Brasil e que vão a outros países, antes de sair de Cuba recebem treinamento de um oficial de inteligência e de outro de contra inteligência. Ele conta que na Venezuela os médicos coletam informações dos pacientes, se eles têm em suas casas fotografias de Hugo Chavez, suas disposições com relação ao governo, etc. Estas informações são utilizadas pela Inteligência cubana para determinas as características ideológicas de cada bairro[2].

Como não consegui o livro impresso, tentei comprar o e-book. Ao fazer o pedido recebi a mensagem que aquele livro não podia “ser vendido no seu país”.

Claro, estamos em ano eleitoral, com candidata do PT concorrendo à reeleição e muitos outros candidatos petistas a governos estaduais, assembleias estaduais e ao Congresso Nacional. Este livro poderia causar um grande estrago aos petistas nas eleições deste ano. Tem lógica.




[1] Um bom texto para se conhecer no que Figueres e Fidel se parecem e se diferenciam, ler http://www2.sirkis.com.br/noticia.kmf?noticia=9623012&canal=259
[2] Mais informações, ler  “Cuba ajudou a campanha do PT” em Veja, ed. 2380, 2/7/2014, p.67.

Nenhum comentário: