quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Lula um Pedro Malasartes desacreditado


Há mais de cinco anos venho dizendo que Lula escolheu Dilma para “guardar lugar” para a sua volta à Presidência quatro anos mais tarde. Escolheu errado; ele sempre a viu com uma auxiliar diligente e obediente, esquecendo que a “mosca azul” do poder pica até as pessoas mais tacanhas. Apesar da campanha do “volta Lula” na campanha das últimas eleições era Dilma que ocupava a “primeira cadeira” e dela emana um poder difícil de ser contrariado, no caso muito mais poderoso que o “volta Lula”. Dilma ganhou a parada; o seu “fazer o diabo” para vencer as eleições foi muito mais forte que o “diabo feito” pelo PT lulista. O PT dilmista era o que estrava no poder.

Nesta véspera de ano, a menos de seis horas para a chegada do 2016, tentando imaginar como seria mais este ano sob a gestão Dilma, em que o Brasil parece já ter ultrapassado a porta da falência, lembrei do livro o livro de José Nêumanne Pinto, O que eu sei de Lula (São Paulo: Topbooks, 2011). Foi o melhor trabalho que já ali a respeito de Lula, tão bom que se falou que a primeira tiragem esgotou antes que qualquer leitor tivesse acesso a ele.  A biografia de Lula estava tão escancarada que se tornava prejudicial à campanha lulopetista a ser desencadeada nas eleições dois anos e meio mais tarde.  O livro é um relato jornalístico, mas neste caso o autor não se furta de traçar um perfil psicológico do personagem biografado. Um aspecto deste perfil me deixou encucado: de Lula ser o político mais inteligente na vida brasileira. Mas Lula era inteligente ou esperto? Pela descrição do Autor Lula era um político esperto. Espertas são pessoas que encontram soluções e saídas de situações espinhosas, ou que sacam respostas com rapidez. Contudo, sem o mundo maior, sem o conhecimento e a visão das coisas, esse espírito vivo e curioso do esperto se resume à astúcia de “salvar a pele”. Podemos definir o esperto como aquela pessoa que tem inteligência prática e cuja referência é seu ego (ou seu umbigo?). O esperto é egocêntricos e por isto costuma atropelar a ética. As pessoas inteligentes são aquelas que têm a capacidade de ler por entre as linhas e de interligar ideias não explicitamente relacionadas; colhem pensamentos, são capazes de raciocínios abstratos e sabem planejar e criar estratégias[1].

Lula lembra mais a figura folclórica de Pedro Malasartes, que herdamos do folclore ibérico, descrito como Câmara Cascudo como “figura tradicional nos contos populares da Península Ibérica, como exemplo de burlão invencível, astucioso, cínico, inesgotável de expedientes e de enganos, sem escrúpulos e sem remorsos[2].  Este “malasartismo” de Lula é descrito brilhantemente por Nêumanne, aprendido na sua vida sindical, descartando todos aqueles que poderiam fazer frente ou concorrer aos seus objetivos dentro da política sindicais[3].

A inteligência e a esperteza se assemelham num primeiro momento. O egocentrismo e a visão do fato e a falta de um raciocínio abstrato do esperto encaminha-o a erros. E o erro maior de Lula foi a escolha de Dilma como a sua sucessora por um mandato, permitindo o seu retorno quatro anos depois. Enquanto ele esteve no poder conseguiu “segurar” o escândalo do “mensalão”, mas fora ficou sujeito a incapacidade política e de gestão da sua gestora. Hoje Lula se vê na situação do esperto desmascarado. Um Pedro Malasartes desacreditado.

A sua sucessora mostrou não ter nada de inteligência e de esperteza. Auxiliada pelo seu marqueteiro, a sua esperteza transformou-se em estelionato. E assim foi 2014 e em 2015; agora entramos em 2016 com a esperança (que sentimento!) que a gestão lulopetista termine logo no primeiro trimestre. Quem assumirá? Não sabemos, mas desde que mudem os gestores federais, com a população  alerta, com eleições municipais à vista, certamente encontraremos uma saída para as crises política e econômica que nos aflige; dará esperanças a tantos milhares brasileiros que perderam o seu trabalho e a sua sobrevivência aos erros conscientes destes gestores no poder dos últimos 13 anos.

Um bom 2013 depende de nós, de nosso posicionamento político, de do uso correto nas instituições do nosso Estado Democrático de Direito.

Assim sendo... FELIZ 2016.








[3] No início da década de sessenta um meu amigo que vivia e conhecia a vida sindical comentou que havia um líder sindical em formação, conhecido como Lula, brevemente surgirá na imprensa como o mais jovem líder, com grande força política. 

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