Vemos e ouvimos a todo o momento de que Lula é uma pessoa
extremamente inteligente, mas se acompanharmos a sua vida notamos que os seus
atos e as suas atitudes são vitoriosos em curto prazo e desastrosos a médio e
longo prazo. Um dos seus erros foi a indicação de Dilma para a sua sucessora.
Não soube analisar o seu perfil além da sua obediência, ideal para “guardar” o
seu lugar na presidência e retornar em 2014. Não refletiu – e por isto não
pensou – de que a sua protegida fosse ser picada pela mosca azul do poder.
Todos sentiam a incapacidade de gerenciamento da já então Presidente Dilma. Com
a derrota de Dilma na sua reeleição o projeto de cinquenta anos de PT no poder,
a carreira política de Lula e os milhares de petistas incrustados na máquina
administrativa do Executivo, iria “para o vinagre”, para usar uma expressão
popular. Até o governo Dilma se tornar insustentável. Dilma herdou os erros do
governo Lula e os ampliou.
As pessoas espertas, cercadas de áulicos, são vaidosas e
autoritárias. O que tenho lido a respeito de Lula, a melhor descrição do seu
perfil psicológico – e de carreira politica – foi escrito por José Nêumanne
Pinto, “O que sei de Lula” (Rio de Janeiro: Topbooks, 2011). Aproveitando-se de
condições circunstanciais tornou-se o grande demiurgo da política brasileira.
Demiurgo pela esperteza. O entendimento comum de esperteza é a “capacidade maliciosa de adaptar-se habilmente a situações adversas, tirando proveito da
situação”. O esperto tem a habilidade, então de aproximar grupos aparentemente inconciliáveis.
Ainda segundo Nêumanne Pinto, aproximou os sindicalistas, os membros católicos
ligados à teologia da libertação e os exilados do regime militar que retornavam
ao Brasil. Isto acontecia no momento em que regime militar dava sinais de
exaustão.
A formação sindical de Lula impediu que visse o
Brasil na sua totalidade, mas numa dualidade em oposição: nós (os trabalhadores
sindicalizados) e eles, os outros, tantos os padrões como todos aqueles que não
eram sindicalizados. Esta dialética de oposição e conflito continua até hoje,
mas que teve sucesso com a formação de um “nós” ideológicos, como os acadêmicos
que procuraram tornar as universidades em “chão de fabrica”.
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