quinta-feira, 14 de abril de 2016

Assédio sexual. Assédio politico

Ultimamente eu tenho me irritado com o assédio sexual homossexual que tomou conta das redes sociais. Isto me alertou que estamos sofrendo outro tipo de assédio, não tão consciente e por isto mais perigoso. Procurei, então, fazer um paralelo do assédio sexual com o assedio político.

A opção sexual  de cada um é algo pessoal, íntimo. Seja qual for. Heterossexual, homossexual, bissexual, e quanto forem. Se eu me relaciono socialmente com alguém não me importo com a sua intimidade, o que aquela pessoa faz na cama. Tenho muitas amigas e as tenho como ser social e não como ser sexual. Da mesma forma tenho amigos que sei que são homossexuais, mas isto nunca interferiu em nossa amizade. Este direito não é só na esfera sexual, mas também nas esferas, política, religiosa, etc.

Fico muito chateado quando batem à minha porta pessoas para fazer pregação religiosa sem se preocupar se eu tenho pensamento religioso ou não. Isto é assédio. Está lá no artigo 216-A do Código Penal. A Lei 10.224/2001 vai mais longe  ao considerar crime o assédio sexual. No entendimento das pessoas e pelo “uso” desta legislação entende-se o assédio sexual do homem à mulher, mas vai mais longe. Certa vez eu me referi ao assédio religioso como crime segundo o Código Penal e o pastor apresentador me perguntou: então como faremos proselitismo religioso. Respondi: façam sem assédio. Como? Indagou. Não sei, não sou religioso. E eu me tornei uma persona non grata.

Quando o PT foi fundado começou a fazer proselitismo político. Eu até achei bom. Aos poucos este proselitismo começou a tomar ares de assédio em determinados espaços, um deles nos espaços acadêmicos. Existe um momento eu proselitismo e assédio se confundem e se transformam em atos violentos.

Eu tenho uma orientação política. Concreta, real e a minha utopia e a medida da distância ou aproximação do que acho como deve ser do que é. Nunca me filiei a partido político e nem a qualquer grupo religioso. Nunca me filiei para que esta filiação não viesse tolher a minha liberdade de pensar, de refletir. Não me filiar não significa que seja contra aos que se filiam. Todos devem ter a liberdade   de se filiar ou de não se filiar.

Durante 21            anos eu vivi sob um regime autoritário. De 13 anos para cá comecei a sentir que voltava a viver sob outro regime autoritário. O primeiro era explícito: escrevia o que deveríamos pensar e no que não deveríamos pensar; Um aluno uruguaio me falou, quando eu lhe perguntei qual era a pior coisa da ditadura do país dele. Ele entendeu a coisa mais perigosa. Disse-me que era pensar. Eu lecionava Ciências Políticas, uma disciplina difícil de encontrar professores. E indicava dois livros de textos organizados por Fernando Henrique Cardoso. Entendi o silencio dos alunos: medo de pensar.

Hoje é proibido censurar. Uma proibição constitucional. Por isto não temos uma censura formal, mas uma proibição informal. Como não sabemos até onde pensar, pensamos menos, não pensamos nada. Como a censura é informal as cominações também são informais e variam de acordo com o sabujo de plantão.

Hoje ouvi uma declaração do ex-presidente Lula: se Dilma perder o cargo ele irá para a rua para não dar espaço político ao governo que a venha substituir. Transferir o autoritarismo exercido à sombra das instituições governamentais para as ruas. Imagina-se que as pessoas comuns, nos seus afazeres diários, irão ser assediadas por agentes expurgados, frustrados pela perda de cargos de confiança.

Não devemos nos impressionar com as bravatas proferidas em altos decibéis. Devemos pensar no pais que queremos deixar para o futuro e reconstruir o que foi destruído e que se volte pensar nas universidades  sem as amarra ideológicas atuais.

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