quarta-feira, 2 de junho de 2010

Quem é e quem não é estadista?

A militância petista repete ad infinitum que Lula é um estadista. Dilma diz que Serra não é estadista. Afinal de contas, o que é ser estadista? Deve ser algo muito importante e interessante para o Partido dos Trabalhadores. Segundo o dicionário Aurélio, estadista é uma “pessoa de atuação notável nos negócios políticos e na administração de um país; homem ou mulher de Estado”. O estadista é, então, alguém ligado a um Estado que rege os seus negócios políticos e a sua administração. Se Lula é um estadista, é um estadista em relação ao Estado brasileiro. O mesmo se deve dizer a Serra.

Devemos pensar no Estado como uma unidade em oposição a outras unidades. Desta forma, negócios do Estado A pode ser favorável ou desfavorável ao Estado B. Churchill é tido comum exemplo de Estadista e como tal derrotou Hitler e Mussolini. Na concepção de Dilma ele interferiu na soberania da Alemanha e da Itália. Mas ele, como homem de um Estado, tinha compromissos de preservação da soberania e da sua população. E foi exatamente isto que lhe valeu o seu reconhecimento como estadista.

Serra fez críticas ao Presidente boliviano a partir de um fato e de uma reflexão: mais de quatro quintos da droga que entra no Brasil vem da Bolívia. A coca é uma planta relacionada com a cultura de grupos tribais bolivianos e usada para compensar os efeitos das alturas andinas. Mas também é transformada em droga por processos químicos. A área de plantio, antes suficiente para a produção local foi multiplicada por três. Por um processo de raciocínio, Serra chegou a conclusão que o Presidente boliviano tem interesse no tráfico e por isto “faz corpo mole”.

Dentro deste raciocínio, se o Presidente boliviano “faz corpo mole” por que lhe interessa pelo fluxo de dinheiro proporcionado pelo tráfico, ele se torna conivente.

Dentro deste raciocínio, o tráfico de droga e de armas é bom para a Bolívia. Ou para algum grupo boliviano. Até aí tudo bem. Acontece que o que é bom lá, é péssimo aqui. Aumenta o número de viciados e o custo com a saúde e com a segurança pública aumenta.

Serra é candidato e espera ser eleito. Se alcançar os seus objetivos, serão problemas que terá que resolver. Preocupa-se, de antemão, com os negócios políticos e com a administração quando for eleito. A sua atitude, nesta crítica, foi de estadista. Não seria se tivesse a mesma forma de pensar de Dilma, sua opositora na campanha presidencial.

Serra interferiu na soberania do país vizinho. Em primeiro lugar a soberania não é absoluta, pois o que acontece num país interfere em outro. Como o caso das drogas e a sua interferência no Brasil. O Estado prejudicado passa a ter o direito de agir com palavras ou com atos. Foi o que aconteceu.

Nos últimos oito anos tem havido uma confusão muito grande entre interesses de Estado e interesses de partido. A política externa brasileira, em sua grande parte, não tem se orientado por interesses de Estado, mas por interesses de partido. E isto tem levado a associações políticas com muitos caudilhos. O caudilhismo parece ser interesse partidário, mas não é interesse de Estado e da população que saiu de um regime discricionário há três décadas.

Estes interesses partidários têm trazido prejuízos morais e financeiros. Como foi o caso das refinarias da Petrobrás encampadas pelo governo boliviano. Houve prejuízo ao erário em face de o governo brasileiro ser o maior acionário e este prejuízo será transferido aos contribuintes e consumidores de combustíveis, que somos nós.

O governo brasileiro não tomando qualquer atitude traiu os seus cidadãos. É o Presidente não agiu como estadista.

As pessoas públicas devem usar corretamente os conceitos, pois isto voltará contra elas.

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