terça-feira, 3 de agosto de 2010

O naturismo “bon sauvage”

Em todas as discussões voltadas às definições do naturismo vêm à mente as idéias do “bon sauvage” de Rousseau. E quando eu me reporto ao universo paradisíaco de Rousseau vêm à mente a forma de como os doutores da Igreja organizaram a Bíblia em 280 D.C. Lilith, a primeira Eva, foi banida do conhecimento cristão, substituída por uma Eva submissa e não confiável. Claro, originou-se de uma costela de Adão, torta como a costela, nunca se aprumaria como os homens.

Este era o paraíso do Éden e é o “paraíso” que acompanha as mulheres até os dias atuais. Quarenta e duas mil mulheres foram assassinadas nos últimos dez anos.

“O corpo é a prisão da alma” ensinou Platão, aprenderam os judeus helênicos fundadores do cristianismo e até hoje procuramos escondê-lo, de vergonha da sua existência.

Nós somos o corpo, ou o corpo somos nós. Corpos sexuados, sexos que nos dão vida. Corpos que nos distinguem entre masculinos e femininos e que se constituem como base de homens e mulheres, determinados pelo desenvolvimento dos nossos papéis em sociedade.

Prega-se que o naturismo é a nudez sem sexo. Uma nudez assexuada. Eunucos? Ou se confunde sexualidade com sexo genital?

Com roupas ou sem roupas a nossa genitália nos acompanha. Com roupa ou sem roupas somos masculinos e femininos, homens e mulheres.

Isto me deixa sem entender o que é nudez sem sexo. Desde que nasci até hoje eu sou do sexo masculino e no meu processo de vida venho aprendendo a ser homem no dinamismo da sociedade. Deverei passar uma borracha sobre isto no momento em que ingresso numa área naturista?

Está na cabeça de todos nós e também na liderança naturista no Brasil que nudez é sinônimo de relacionamento sexual. O sexo genital. Claro que eu a entendo, pois esta relação é da Idade Média, a idéia transmitida pelos representantes da Igreja na expansão do cristianismo na Europa para desprestigiar os “povos pagãos” e pregar a idéia platônica do corpo como prisão da alma e a misoginia medieval pregada pela igreja cristã.

Passaram-me dois milênios e ainda vemos estas idéias vigentes na liderança naturista brasileira.

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