segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Pesquisas eleitorais.

Outro dia, numa conversa os resultados das pesquisas eleitorais foram colocados em dúvida e eu comentei que as pesquisas eram metodologicamente corretas, mas não sabia como os institutos elegiam a amostragem. Quando falo em metodologicamente corretas não excluo as manipulações.

Uma pesquisa pode ser metodologicamente correta na sua execução, mas incorreta nos seus resultados se a amostragem for manipulada. Por exemplo, se quisermos saber algo sobre pessoas com mais de 50 anos a nossa amostragem deverá ser algo que represente a população nesta idade. Se esta população for de 40% de homens e 60% de mulheres, este deverá ser o percentual de homens e de mulheres entrevistados. E não podemos entrevistar pessoas de outras classes etárias. É a isto que chamamos de representatividade da amostra.

No caso das pesquisas eleitorais as entrevistas deverão ser realizadas no mesmo percentual de cidades representadas pelos partidos em disputa. 205 prefeituras paulistas são governadas pelo PSDB e partidos coligados (60%) e o PT e partidos coligados governam 60 cidades (30%). Este é o universo. Se a amostra fosse de 19% (ver tabela em http://lucioneto.blogspot.com/2010/08/extra-extra-datafolha-tambem-faz-parte.html), para ser representativa, deveriam realizar entrevistas em 39 cidades “do PSDB” e 12 cidades “do PT”. No entanto foram entrevistadas 24 cidades “do PSDB” (12%) e 26 cidades “do PT” (43%). A amostra não foi representativa e vai dar uma votação maior que a real (se as eleições fossem naquele momento) à candidata do PT.

Estas pesquisas não têm valor nem para planejamento de pesquisa, somente para “marquetim” para induzir o eleitor. Isto é crime. E isto se faz num processo para se aproveitar do chamado “voto útil”.

Leiam os dois artigos dos links abaixo para que vocês tenham uma idéia mais clara de como estamos sendo manipulados. Isto me lembra muito bem uma declaração do deputado (não sei se ainda é) João Cunha, que foi presidente da Câmara logo que LILS foi eleito e que depois renunciou no escândalo do mensalão para não perder o mandato (bom “rapá”!): “a nossa campanha não foi ideológica, mas uma luta para a conquista do poder”. E a luta continua para a manutenção do poder.

Fontes:

http://lucioneto.blogspot.com/2010/08/ibope-o-abc-de-uma-pesquisa-manipulada.html

http://lucioneto.blogspot.com/2010/08/extra-extra-datafolha-tambem-faz-parte.html

Um comentário:

Unknown disse...

Muito boa análise e como você falou tem uma ótima relação com o meu trabalho.
Parabéns.
Lúcio Neto