quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Pesquisas eleitorais II

No texto anterior fiz alguns comentários a um viés das pesquisas eleitorais, no caso decorrente de erros de amostra.

Que amostra, há se perguntar. Amostra é parte de alguma coisa. No caso das pesquisas eleitorais, faz-se a pesquisa em uma parte de um universo, ou de uma população, que são os eleitores brasileiros, ou de um Estado, de um município, etc. A amostra deve ser representativa da população. Em que sentido? Ter as mesmas características.

No texto anterior usei como exemplo o Estado de São Paulo. A pesquisa tinha como objetivo verificar as intenções de voto dos paulistas para a eleição para Presidente.

Estas eleições estão polarizadas em dois candidatos. E dois partidos políticos. Imagino que o Instituto pretendeu entrevistar somente os municípios governados por prefeitos pertencentes ao PSDB e ao PT e partidos a eles coligados. São 265 municípios, 41% do total de municípios paulistas. Se o objetivo seriam as intenções de votos do Estado de São Paulo a amostra deixaria de ser representativa. Qual é o perfil (ou as características) dos municípios não considerados na pesquisa? Aqui haveria um primeiro erro de amostragem que provocaria um viés (ou desvio) nos resultados.

Se a pesquisa, por hipótese, desejasse conhecer as intenções de votos dos municípios governados pelos dois principais partidos e seus coligados (não tem sentido fazer isto, mas...), deveria estar explicito na divulgação dos resultados.

Fossem os 645 municípios do Estado de São Paulo ou os 265 municípios governados pelos dois partidos e seus coligados o lócus a pesquisa, o objeto da pesquisa. O objetivo de uma pesquisa eleitoral, no entanto, é projetar a votação dos candidatos se a pesquisa fosse hoje (isto é, no momento em que a pesquisa for realizada). A lógica, então, seria considerar os 645 municípios como o universo da pesquisa.

Nestes municípios existem prefeitos de vários partidos. Associa-se o município ser “de determinado partido” segundo a filiação do prefeito. Considerando que 205 (32%) dos municípios são governados por prefeitos do PSDB e de partidos coligados e 60 (9%) por prefeitos do PT e partidos coligados, os 380 (59%) são representados por quais partidos?

Para que a amostra fosse representativa

1. ter-se-ia que conhecer este perfil político-partidários do universo e

2. considerar os eleitores uma parte da população: pessoas maiores de 16 anos divididas por sexo e classes etárias.

Os institutos têm estes dados. As informações da FIBGE estão na internet. À disposição de qualquer cidadão e cidadãs brasileiros e do mundo todo.

Esta é a relação do universo com a amostra. O tamanho da amostra vai depender de tempo, custo, etc., mas sempre guardando as relações. Se a população eleitora for de 49% de homens e 51% de mulheres, este deve ser o percentual das pessoas entrevistas. Não é o caso de entrevistar mais homens que mulheres porque LILS tem mais simpatizantes homens que mulheres. E Dilma terá um número maior de intenções de votos. Como discuti no texto anterior.

Procurei discutir num texto seguinte os erros de amostragem que provoca um viés, isto é, um desvio dos resultados em relação ao parâmetro da população.

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