terça-feira, 5 de agosto de 2014

Mitomania governamental

Condenamos veementemente os que mentem. Mentir é perigoso. Moralmente perigoso; a mentira tem pernas curtas, diz sabedoria popular. Mas falar a verdade também é perigoso. A verdade impediu-se de ser hoje um “Fabiano” aposentado. E também me impediu de ser hoje um professor titular. Também aposentado.

Puxa como o tempo passa rápido!...

Uma minha amiga perdeu o emprego porque falou a verdade. Mas eu falei a verdade! Ela me disse. Mas deu o nome aos bois!... alertei-a atrasado. Mas eles iriam saber que eram eles... Sim, mas mugiriam no silêncio com temor e “chifrar” (entre parênteses, pois aqui uso no sentido de usar os chifres e não a chifra, ferramenta dos encadernadores).

Estou falando isto se lembrando da analista do banco Santander que foi despedida porque falou uma verdade funcional que todos os analistas sabiam, mas precavidos calavam-se: as curvas das bolsas (e da economia) eram inversamente proporcionais às curvas das intenções de voto da candidata presidencial Dilma. Verdade funcional, disse acima, o lucro da instituição bancária depende do lucro dos seus clientes. Se eu fosse um aplicador (ah, por que fui ser professor?) ficaria de olho nas curvas ascendentes do lucro da instituição em que colocaria o meu rico hipotético dinheirinho.

“Se hay gobierno, soy contra”! O principal do Santander parece não partilhar desta máxima espanhola. Ouviu um grito de um mitômano político e despediu a sua analista. Ela não foi primeira; o Santander demitiu um seu economista chefe porque fez uma crítica da contabilidade criativa da Petrobras direta e em público a um então presidente da petroleira. Este economista foi entrevistado pela revista Época, edição 844 de 04/08/2014. Marquei um sua frase: “O governo tem de aprender a ouvir o contraditório”.

A mitomania não admite a contradição e vive fora do mundo real. Assim foi o governo Lula e assim é o governo Dilma. Não só estes dois governos, mas todos os governos autoritários. E os mitômanos se unem nas suas fantasias. Lula, Dilma, Fidel, Raul, Maduro, Cristina... Tristes lembranças terão na história.

Os marqueteiros podem manipular uma verdade atual, mas conseguirão manipular a história.


Que triste papel terão estas criaturas...

Nenhum comentário: