Certa vez li um artigo afirmando que o português falado em
Portugal é um português moderno e o português falado no Brasil é um português
medieval. Por este motivo, autor do artigo afirmava que os Lusíadas eram mais
inteligíveis aos brasileiros do que aos portugueses. Quando esta (ex-) colônia começou
a ser habitada desenvolveu o seu modo de falar dentro condições coloniais e em Portugal
manteve o seu português dentro do mundo europeu. Da mesma forma, os imigrantes transferiram
para cá as relações sociais das suas pequenas comunidades de suas terras de
origem. Estas relações sociais, como das famílias extensas, adquiriram características
especiais de acordo com as condições sociais, ecológicas, etc., que aqui
encontraram. Origem do que poderíamos chamar de famílias italianas do Brasil.
Correntes migratórias de outras origens fizeram o mesmo.
Os primeiros imigrantes formaram colônias com famílias
extensas e casamentos endogâmicos. Os filhos destes imigrantes, tantos os nascidos
nas terras de origem e os primeiros nascidos na terra de destino formaram o que
poderemos chamar de primeira geração nacional. No nosso caso, primeira geração
brasileira. Os primeiros casamentos foram endogâmicos. Membros mais velhos
desta primeira geração continuaram com os casamentos endogâmicos, mas os mais
novos começaram a realizar os primeiros casamentos exogâmicos, isto é, fora da
colônia. Na minha família, por exemplo, a primeira geração era composta de
cinco irmãos, todos eram homens, os três primeiros casaram dentro da colônia e
os dois últimos fora. Todas as noras se adequaram ao conceito de família dado o
papel predominante da mamma, neste
caso a esposa do casal italiano. A mamma
possivelmente tenha tido um papel de maior poder porque fazia parte de um casal
que iniciava uma “nova” família.
Os primos tinham uma proximidade que muitas vezes se
confundiam com irmãos. Eu tive dois primos nesta condição. Aluízio e Carlito. Eram
como irmãos mais velhos que eu não tive.
Aluízio nasceu e morava em Curitiba. Meu pai morou com o meu tio.
Também morava um irmão da minha tia. Os dois eram como segundos pais de Aluízio.
Bem mais tarde fui morar com o meu tio e o que o meu pai fazia com Aluízio eu
fiz com os dois filhos mais velho dele: pajear. Aluízio era para mim, como
disse, um irmão mais velho. Outro primo, João Carlos (Carlito), filho de outro
irmão do meu pai, era muito próximo do meu pai. Era o sobrinho mais velho do
meu pai e o meu pai o seu tio mais jovem. Aluízio nasceu em 13 de novembro de
1929 e Carlito em 24 de janeiro de 1930. Uma diferença de dois meses e onze
dias. Carlito faleceu há 18 anos e Aluízio há cinco anos e pouco menos de
quatro meses.
Hoje, 13 de novembro de 2016, Aluízio faria 87 anos. Minhas
saudades a este primo que eu considerava um irmão.
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