Com as redes sociais todos nós nos tornamos enunciadores de pitacos.
Pitaco é um termo que ainda não foi dicionarizado e lá no “Santo Google”
encontrei uma explicação: é “sugestão
sem muito fundamento ou de gente intrometida que nada entende sobre o assunto
em questão”. Esta explicação é a mesma
de palpite, nosso velho conhecido. O pessoal que gosta fazer a sua fezinha no
jogo do bicho passa o dia atrás de pitacos. Isto é, palpites.
Como estava falando, nós nos tornamos pitaqueiros sobre política,
divididos em dois grupos principais: “Lula na cadeia” e “Lula é perseguido
político”. Mas Lula nunca é preso e ninguém acredita que Lula seja perseguido
político.
Comecei a escrever este pitaco inspirado num afirmação de um comentarista
de que os políticos do Executivo e do Legislativo não pensam em outra coisa
além do medo de acordar com a polícia federal nas suas portas. A porta que
abrir encontrará um PF do outro lado.
Como todo brasileiro mal informado aventurei-me a dar pitacos sobre
política, Mal informado porque os jornalistas atuais estão, necessariamente,
engajados numa corrente política atual.
Tempos atrás, quando Cristina ainda governava a Argentina ouvi de um
comentarista que aquele país não era para amadores, mas para profissionais.
Assim mesmo... Mas o Brasil, do jeito que as coisas estão, nem para
profissionais. A nossa história (tradicional) era uma epopeia de feitos
memoráveis dos nossos heróis históricos; Anhanguera, Raposo Tavares, dentro
tantos. Fala-se da esperteza da derrota que D. João VI aplicou nos franceses,
deixando-os em depressão profunda, por não encontrarem um patacão em terras
lusas. Trouxe até dona Maria Louca. Na volta à metrópole deixou o filho
governante em uma mão na frente ou atrás, pois a riqueza retornou junto. A
riqueza é do dono do poder. O poder era o monarca. E assim passamos pelo
império e chegamos na república.
Fez-se festa no dia 01/06 por ser o primeiro dia que o nosso salario era
somente para a nossa sobrevivência. Surpresa! Lá estavam as mesmas mercadorias,
algumas com o mesmo preço e outras com preços mais elevados. Todas com os
impostos embutidos. E Dória fazendo sorteio de um milhão para quem exige notas.
Conversando com um amigo na Amazônia, há quase cinco décadas, ele tinha
uma empresa sem registrar para não pagar impostos e reclamava que não
consertavam as estradas. Se você não paga impostos como o governo vai consertar
as estradas? Ora, o governo faz o dinheiro e dinheiro público não tem dono. É
publico; é de quem chegar primeiro.
Nesta mesma conversa perguntei a respeito de um comerciante se havia
mudando de ramo para o de construção dada a quantidade de telhas no seu
depósito. A explicação é que ele havia feito um negócio com “sobra” de telhas.
Mas “sobrou” mais material. Outro meu amigo me mostrou várias casas com um
mesmo tipo de telhado, feito pelo carpinteiro da prefeitura (sabia fazer
somente um tipo de telhado e lá deixava a sua “marca registrada”). Todas construídas
com “sobra” de material.
Lembrei-me deste caso na delação da esposa do marqueteiro do PT quando
ela falou que a ex-presidente mandou que ela transferisse o dinheiro da Suíça para
Singapura. Ela chegou antes e se apoderou do dinheiro público, ainda “sem dono”.
Mas chegou à Suíça com dono. Isto é, dona.
De uns tempos para cá surgiu uma parte da justiça de caráter avarento:
está perseguindo estes “sortudos” que chegaram na frente para se apropriar
deste dinheiro público, Isto é, sem dono. Funcionários insensíveis e avarentos
estão querendo se apoderar destes dinheiros sem donos espalhados pelo mundo
afora. Estes funcionários avarentos estão se associando a funcionários também
avarentos para que a este dinheiro seja reconhecida a sua propriedade, o
público.
Os ex-sortudos estão sofrendo uma transferência compulsória para Curitiba.
Há uns três das atrás fui num cartório para encontrar um amigo para
preparar uma documentação. Como ele lê os meus pitacos, perguntou: Professor, o
senhor que sabe das coisas (saber das coisas numa regime autoritário é
perigoso!), a chapa de Dilma e Temer será cassada? Disse-lhe que a única coisa
que me dava uma relativa e cuidadosa certeza é que daqui a pouco vão chamar
para entregar o documento autenticado, mas do que acontece em Brasília... Mas
certamente Temer não irá cair. Parece-me que é a isto que o processo está
indicando. Pelo menos neste processo. Mas...
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