Há um caráter religioso na política brasileira. Isto ficou evidente a partir de 2003, mas já
se notava sinais disto com o aparecimento de Lula na mídia lá pelos anos sessenta.
O filme biográfico de Lula deixou isto muito claro. Até o Lula real acreditou
no Lula mitológico. Construiu-se uma versão moderna – ou modernosa – do Padre
Cícero, o Padim Ciço.
Até hoje, passados dois mil anos, pouco – ou quase nada – se
sabe sobre a figura histórica de Jesus Cristo e pouca coisa se sabe da vida
(concreta) do Padre Cícero além das descrições mitológicas. A vida de Lula
segue o mesmo caminho, o caminho do bem-aventurado e os seus seguidores (a
militância lulopetista), os seus beatos. Alguns deles estão fazendo retiro na
Papuda, mas o número ainda é muito grande, nas mídias escrita e digital prontos
para a defesa do seu bem-aventurado.
Foi nisto que se transformou a política brasileira, uma
mistura de Nosso Lar (“vida” de André Luiz) e os cordéis de Joazeiro do Norte,
enfim, uma visão modernosa de Padim Ciço.
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