Minha filha fez um pedido de esfiha e
eu fui á portaria busca-la. Na caixa
havia um quadrado e no seu interior escrito “pedido”. As minhas lembranças
voaram no tempo e me levaram para a década de setenta e à uma faculdade de uma
cidade do interior, onde eu lecionei da década de setenta.
A faculdade fazia parte de uma
fundação educacional municipal e o seu diretor era um velho professor de
história do principal colégio da cidade. E também era advogado.
A quase totalidade dos professores
era de fora. Maior parte da capital. Uma
parte da capital, mas ligado à uma faculdade pública que mais tarde passou a
fazer parte da Unesp. Também havia alguns professores de Botucatu e de Bauru.
Isto parecia inibir o diretor, pois
era gente com uma outra mentalidade, trazendo coisas novas, com uma nova visão
de mundo. E também havia professores de história.
Os seus alunos da cidade diziam que
todas as suas aulas estavam num caderninho que o acompanhavam desde o início da
sua carreira. Muitos pais e mães estudaram história por este caderninho e os
filhos também. Se ventasse na sala de aula o caderninho poderia se
desmaterializar.
Diziam que era um professor austero. Muitas
vezes precisei conversar com ele e comecei a sentir que esta sua austeridade
era inibição. Os outros professores diziam não gostar dele por ser soberbo, não
conversava com os professores. Quando havia reunião de professores não ia o diretor,
mas o presidente da Fundação. Provavelmente isto aumentasse a sua inibição.
Quando passei a entender o diretor conseguia conversar com ele. Mas os outros professores tinha prevenção
contra ele. Não só os professores tinham prevenção, mas também os funcionários.
Inclusive o secretário. Quando eu chegava na faculdade chamava-me para contar
as fofocas.
A mesa do diretor sempre estava cheia
de processos para despachar, todos datilografados. Num dos despachos, ao
datilografar, o primeiro “d” de pedido não foi grafado e assim o processo foi
arquivado: Defiro o peido da candidata.
Em...
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