terça-feira, 13 de outubro de 2015

Quem planta colhe

Estava lendo um texto de Luiz Fernando Veríssimo que começa com a seguinte frase “A deterioração do debate político no Brasil é consequência direta de um antipetismo justificável e de um ódio ao PT que ultrapassa a razão”. No decorrer do texto o autor comenta que o ódio ao PT é anterior ao PT, pois está “no DNA da classe dominante brasileira, que historicamente derruba, pelas armas se for preciso, toda ameaça ao seu domínio, seja qual for sua sigla”. Aqui me pareceu ser a ideia principal do texto.
A realidade mostra ser um pouco diferente. Os desmandos do PT (Luiz Fernando Veríssimo reconhece) contaram com a participação da “classe dominante brasileira”. Basta ver os nomes e as empresas com problemas  com a Operação Lava Jato. Se tivesse acontecido como descreve Veríssimo, Lula não teria sobrevivido a dois mandatos e não teria conseguido eleger Dilma por duas vezes.
No decorrer da campanha já se notava o início das crises política, econômica e ética, as denúncias de corrupção, de uso de dinheiro desviado para a campanha, etc. A campanha lulopetista começou a opor ricos contra pobres, nordeste contra sudeste e sul, com om objetivo de opor possíveis eleitores petistas e eleitores outros candidatos.  O PT criou e financiou o MAV (Militância no Ambiente Virtual) que teve um papel preponderante no conflito de classe, de região, de eleitores.
A candidata do PT venceu com 3,46 milhões de votos a mais do seu opositor. Contando os votos nulos, em branco e as abstenções, mais os votos do candidato da oposição, num universo de 112,7 milhões de votos apurados, 78,4% dos eleitores estiveram de uma foram ou outra contra a candidata vencedora.
Logo após as eleições a candidata eleita começou a tomar medidas que durante a campanha seriam tomadas pelo candidato da oposição se vencesse as eleições. Esta soma de eleitores que votou contra ou deixou de votar foi acrescida por eleitores da candidata eleita que também se sentiu traído.
Assim sendo, esta história de a classe dominante nutrir ódio contra Dilma não é verdadeira. Basta ter um pouco de inteligência e acompanhar os acontecimentos políticos. É a população que não aceita mais este modo de governança permeado de escândalos e de “marquetagem”. 
O que impressiona é pessoas como Luiz Fernando Veríssimo – e tantos outros nomes importantes da inteligência nacional – faltar com a verdade ou fazer uma análise enviesada para descrever uma situação distante da realidade. Leva-nos a imaginar que por trás disto haja outros interesses para estar bem com o poder central. Ou será alienação?  Não sei.
Quem planta conflitos colhe conflitos.


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