Tenho ouvido e assistido muitas
discussões de caráter ideológico, distanciadas do mundo real. Têm-se discutidas
expressões como ideologia de gênero, homonormalidade e outras como
realidades, mas que se elas se tornarem realidades poderão causar muitos
desastres. Lembro-me do Khmer vermelho cambojano. Algo semelhante poderá
acontecer na Venezuela.
Estas discussões ideológicas,
desprezando aspectos biológicos necessariamente levarão a um processo de desorganização.
A minha formação profissional
vem da Etnologia cujas pesquisas de campo foram diretas a pequenos grupos
sociais.
Há uns 10 anos eu fui surpreendido
ao ouvir expressões hoje chamadas homofóbicas numa visita a um grupo guarani.
Pouco antes conversando com uma colega me contou uma experiência semelhante.
Numa pesquisa posterior notei uma queda
populacional e um crescimento no número de nascimento. Também houve uma
diminuição da mortalidade infantil em face do trabalho de assistência à saúde.
Malinowski, em um dos seus
trabalhos enumera as necessidades básicas e uma delas é a procriação. É a
procriação que garante a sobrevivência dos grupos humanos. Para procriar é
necessário que haja uma mulher e um homem. Pelo que acontece em todos os grupos
humanos, pelos que eu conheço e pelo que a literatura nos ensina, há um arranjo
de espaços sociais que cada um dos membros – pessoas, grupos, etc. - da
sociedade ocupa, a estrutura social. As relações entre estes diferentes espaços,
mostra-nos com o grupo social se
organiza. A organização social. Homens e mulheres, crianças, adultos, idosos
ocupam espaços delimitados e os espaços principais são a divisão por sexo. Nas
sociedades mais simples há uma divisão sexual do trabalho. Nas sociedades mais
complexas inicia-se uma divisão social do trabalho.
Nos grupos guarani que estudei,
por exemplo, havia uma divisão sexual do trabalho na fabricação de seus
instrumentos que se tornaram de interesse artesanal para a população nacional.
Para a fabricação de arcos, por exemplo, os homens tiravam a madeira e preparavam
para torna-los em arcos e as mulheres trançavam dos fios para fazer a corda do
arco. Com o aumento da produção os homens começaram a trançar a corda para
ajudar as mulheres. O mesmo aconteceu com a fabricação de cestos. Fui
testemunha do início da divisão social do trabalho.
Em nossa sociedade, com a
participação mais efetiva das mulheres, a divisão social do trabalho embaralhou
a identidade de atividades exercidas por homens e por mulheres. Quando eu
cursava a faculdade pegava sempre ônibus da mesma linha e com o tempo tornei-me
conhecido dos motoristas. Nesta época (década de 60) a CMTC[1]
contratou as primeiras mulheres motoristas. Uma conversa recorrente com os motoristas
era de que às mulheres coube dirigir os ônibus “roda mole” (direção hidráulica)
e aos homens os de “roda dura” (direção mecânica, mais pesada). A linha que eu
usava só havia ônibus “roda dura”. Nesta
mesma época a CMTC começou a trocar a sua frota por ônibus mais modernos e
certamente homens e mulheres começaram a concorrer a mesmas escalas de
motoristas.
Logo após houve a incorporação
da Guarda Civil à então Força Pública – atual Polícia Militar - e as mulheres de
graduação mais baixa da Guarda foram incorporadas como terceiros sargento da FP.
Se de um lado socialmente
homens e mulheres podem fazer praticamente tudo, não devemos esquecer as diferenças
biológicas.
Mesmo homens e mulheres poderem
fazer praticamente tudo, mas fazem mantendo as suas identidades de sexo. A
identidade de gênero é resultante do sexo biológico. Portanto o conceito de homonormalidade é enviesado,
pois a normalidade é a heterossexualidade. O normal é o padrão. O que estiver
fora da normalidade é anormal. Qualquer estudante de estatística aprende isto.
A distribuição probalística da
normalidade é cerca de 70% da totalidade. Para uma projeção demográfica é esta
faixa que deve ser considerada. Nas discussões recentes da reforma
previdenciária poucos e falou destas projeções. Verificando as projeções para
2050 no Estado de São Paulo a previdência será insustentável. A variável
biológica não poderá ser descartada, como vemos nas discussões atuais…
Estatisticamente a
homossexualidade será tolerada até uma faixa de 15% num lado da curva de Gauss
(curva do sino) e os machistas ferrenhos nos outros 15% do outro extremo. Mas falar em homonormalidade...
Estava escrevendo estes
apontamentos e estava lembrando de Thomas Sowell, no seu Os Intelectuais e a Sociedade, comenta dos intelectuais que
desprezam o conhecimento mudando (o
mundo empírico) provocaram muitos desastres sociais econômicos e outros. Um
exemplo é a crise que ora experimentamos.
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